terça-feira, 16 de setembro de 2008

Reflexões do Processo de Formação Acadêmica

"Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma árvore, com mais razão, não morre o EDUCADOR que semeia VIDA e escreve na alma"
Jean Piaget

Reviver minha formação educacional desde os primeiros anos, fez-me refletir sobre o papel da escola na formação humana e profissional. Os primeiros anos escolares, certamente são responsáveis pela base de toda aprendizagem que se desenvolverá ao longo de toda educação formal e informal.
Iniciei a minha caminhada estudantil aos cinco anos de idade para cursar a Educação Infantil. Via minhas irmãs mais velhas frequentarem a escola usando uniforme e material escolar e ficava morrendo de vontade de chegar logo a minha vez também. Foi com a maior felicidade que fui para o meu primeiro dia de aula e não dei o menor trabalho quando minha mãe me deixou na sala de aula.
Era uma escola da rede particular de ensino em Salvador, cidade onde nasci, e por se tratar de um colégio de freiras, a disciplina era muito rígida. Mesmo assim guardo as melhores recordações dessa época...
Fui alfabetizada com o método de Iracema Meireles chamado "A Casinha Feliz". O aspecto lúdico deste método me fez aprender a ler e escrever criando uma ligação afetiva com as letras. Lembro até hoje que na sala em que estudava tinha uma casinha de madeira e as letras iam sendo apresentadas gradativamente pela professora em um teatrinho infantil, depois as letras iam se combinando e formando palavras. Isso ficou guardado para sempre na minha lembrança. Depois cursei o ensino fundamental e o ensino médio na mesma escola, na qual possuia um curriculo tradicional e a metodologia do professor era baseada numa concepção arcaica e tradicional, onde o professor era encarregado de transmitir o conhecimento, o aluno um elemento passivo, que recebia e assimilava o que era transmitido. O sistema de avaliação media a quantidade de informação absorvida. A minha relação com os professores sempre foi tranqüila, não recordo de nenhum problema com os mesmos.
Depois que terminei o Ensino Médio(Científico), fiz o meu primeiro vestibular para Letras Vernáculas com Língua Estrangeira na UFBA, o qual cursei até o V semestre. Resolví interromper o curso porque me sentia desestimulada principalmente com as constantes greves comuns em faculdades da rede pública, época também, em que me casei e seguí outros rumos...
Há cinco anos, vim morar em Jequié e resolví entrar na Faculdade novamente. De todos os cursos oferecidos pela UESB escolhí Pedagogia por ser o que mais me identificava.
Em agosto de 2004, comecei a estudar, mas não tinha noção alguma de educação. Educar para mim se restringia a repassar conhecimentos. Por muito tempo pensei assim, a falta de estímulo e de perspectivas com a futura formação atrapalhavam-me na descoberta do verdadeiro sentido do que é ser um educador.
No decorrer do curso fui aprendendo que ser educador não é só saber ministrar conteúdos, mas também é aquele que estimula a reflexão, a crítica e o aprendizado mais amplo do aluno. Um bom professor não se faz apenas com teorias, mas principalmente com a prática e o estímulo a uma ação-reflexão e a uma busca de um saber mais e de um fazer melhor. Nesse sentido, Freire nos diz que: "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção"(FREIRE,1999,p.24)
Hoje, depois de quase quatro anos dentro da universidade, ainda existem alguns obstáculos que desanimam não só a mim, mas acredito que a grande maioria dos estudantes do curso de Pedagogia e aos que já estão formados. Os mais comuns são: desvalorização do professor, má remuneração, falta de material pedagógico e a pesada carga horária. Sabemos que um grande número de educadores na sala de aula se depara com a frustante realidade de dispor apenas de giz e de sua habilidade fônica, e, como se não bastasse, ainda necessita levar para casa grande acúmulo de provas e trabalhos para corrigir, o que consome o tempo que deveria ser dedicado ao descanso ou a família.
Mesmo enfrentando tantas dificuldades, grande parte resiste, não descuida da missão de educar e não desanima diante dos desafios. É admirável o professor que acima de tudo é otimista, que acredita que apesar dos obstáculos e limitações que permeiam o seu dia-a-dia, pode sempre fazer o melhor. No decorrer do curso, fui aprendendo esses valores.
Não posso dizer que serei uma professora plenamente realizada, uma vez que os problemas acima mencionados me colocam frente a uma dura realidade. Porém hoje posso afirmar que a minha aversão acabou, que já me vejo trabalhando como educadora, e, sem utopia, acredito em mim mesma, num futuro promissor para a educação se cada uma de nós fizermos nossa parte para que ele aconteça.

Um comentário:

Socorro Cabral - socorroleti@hotmail.com disse...

E as reflexões sobre a sua alfabetização, o ensino primário, a relação professor aluno nessa época, etc. Consute as orientações que estão no módulo e turbine sua história de vida. Ah! Cadê as imagens?